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Um Festival de Empatia!


"Boas vindas! Bom festival!" foram o que minhas parceiras da Escola de Empatia e eu dissemos bem cedinho para você, no instagram. O 2º Festival de Empatia teve em sua abertura o nosso vídeo Imagine um mundo, que convida ao posicionamento de todas as pessoas enquanto agentes de mudanças.

A primeira atividade, não poderia ser mais sensível. Uma conversa deliciosa sobre "o que é comunidade para cada um de nós". Um brainstorming que contempla as nossas ideias, necessidades e estratégias sobre a vida em comunidade. Dentre brincadeiras, uma frase da querida Corinne que marcou a tod@s:

"No meio do caminho não tinha uma pedra, tinha o outro".

É deste encontro com o outro que se cria a vida! A vida, que se cria dentro de outra vida, se faz viva em encontro. Encontro com comuns, com pares que nos atende em uma necessidade humana preciosa: a de pertencer!

E neste meio do caminho maravilhoso em que há o outro, tivemos uma roda de conversa necessária. Comunidades em Pauta foi anfitriada por nossos parceiros do O Espaço, Lucas e Iaçanã. Esta roda recebeu projetos, que contaram suas experiências em comunidade, com grupos de pessoas que estão a margem. Entramos em contato com isto, o quanto sofrem as pessoas que vivem à margem.

A roda abre com o Gaê, que trouxe uma canção tocante. Todas as vidas do mundo, de PC Silva. Gaê é um cantor de Brasília que encontramos no caminho que não tinha uma pedra, mas sim o outro.

Também encontramos o projeto Atento e Forte, que projeta telas de uma janela para propiciar o pensamento crítico à vizinhança, às pessoas que passam e ficam nas ruas. Um paredão de consciência. A Camila, minha xará, contou como o projeto Atento e Forte procura sair da bolha que os algorítimos das redes sociais forma, e veicula mensagens à quem olha para o alto.

O Marcus do Favelinha Futebol Clube também participou da conversa. E que conversa, hein Marcus! Que emoção! É que Marcus não pode se conter (e nem a gente), ao falar sobre a transformação que o projeto proporciona para a vida de jovens que antes nunca haviam tido a oportunidade de sair de sua comunidade, o Aglomerado da Serra, em Belo Horizonte, mas que viajaram o mundo através do apoio do Favelinha e amor pelo futebol.

Teve mais. Estivemos com o Edson, do Inumeráveis Memorial. Um projeto que nasceu do incômodo com os números. É que Edson pensou que as pessoas que morrem em decorrência do Covid merecem ser vistas, homenageadas, consideradas, não como estatísticas, mas como PESSOAS. Acordar com notícias sobre o número de mortes nesta pandemia, desumaniza! Então, cito Edson:

"Não há quem goste de ser número gente merece existir em prosa"

Se por um lado Edson se incomodou com pessoas que eram tratadas como números após a morte, Neusinha do Pemse (Pólo de Evolução de Medidas Sócioeducativas) trabalha em prol de que adolescentes ressigniquem sua história e que não sejam números em vida! Em seu trabalho, Neusa escuta jovens que cometeram atos infracionais se referirem a si próprios através do número em que se enquadra o delito.

"Você não é o seu ato!"

É o que diz à esses jovens, que se transformam através da escuta e da empatia, em Círculos Restaurativos.

Para completar esta conversa, a Allini e a Larissa, do Projeto Ruas, falaram sobre a invisibilidade de pessoas em situação de rua e como o projeto atua no sentido de demolir barreiras e construir pontes entre as pessoas que estão nas ruas e os moradores do entorno, na cidade do Rio de Janeiro. O projeto busca resgatar não somente necessidades como alimento, higiene, trabalho, mas como as necessidades de conexão e diálogo.

Esta roda que aconteceu no sábado pela noite, encheu meu coração de esperança. Ela começou e terminou com Gaê. Sem palavras para descrever a emoção ao escutá-lo, todos juntos, apreciar suas músicas e, ao final, pedir à vida "um pouco mais de paciência".

No dia seguinte partilhamos sobre estar em roda e sobre auto cuidado com a Alessandra! Também partilhamos sobre conflitos e diálogo com o Edu. Teve prática de meditação com a Muriel e auto cuidado com a Ângela.

O dia continua com Thayna e Juliana do Konekti. As duas partilham sobre a importância da rede de apoio. Uma conversa incrível!

Sim, foram muitas atividades! Estávamos cansad@s, é verdade... Mas ainda tentamos gravar uma música em conjunto no zoom:

"Um em todos, todos em um. Alertas e conscientes do poder de cada um."

Não foi dessa vez, né gente? Mas vai sair!

No encerramento do Festival, sem a certeza de que se alguém apareceria, depois de um final de semana inteiro de atividade. Eu e minhas parceiras da Escola estávamos lá, aguardando no zoom, as pessoas para a última atividade: Arte e empatia.

Entra um, entra outra... E vem chegando essas pessoas que pareciam nossos amigos de longa data! Ah... essa história que Cris nos contou... Lolo Barnabé eram felizes, mas nem tanto. Nos conectamos com a beleza da simplicidade. Com a generosidade da natureza, da conexão, do tempo junto, do tempo simples.

Teve infância, teve mar, teve trilhas, teve banho de mangueira, os primeiros passos... Dá até vontade de chorar só de lembrar do que teve. É tão simples e tão belo. E éramos felizes, mas nem tanto... nem tanto... De tanto buscar o tanto que faltava, nos desconectamos do simples.

Ficou em meu coração, a poesia, os traços, os olhares, a gratidão.

Obrigada! Minha vida ainda está nutrida de tudo isto! Que doce é a lembrança de como nossa vida já foi tão maravilhosa. Recordar é viver? Parece que sim, em certa dose.

Mas a vida pede mais. A necessidade não cessa, quer ser nutrida. E, então? Quando podemos ter de novo estes momentos simples, sem caixas luminosas (vulgo TV, celular) à nossa frente? Quando? =)

Um grande beijo a cada um e cada uma que fez parte desta história.

Camila

Camila Marques é psicóloga, especialista em arteterapia e co-fundadora da Escola de Empatia. Mãe do Gustavo e investigadora de necessidades humanas. Estuda a Comunicação Não-Violenta desde 2014 e outras áreas do conhecimento como a Abordagem Centrada na Pessoa. Formada pelo Gaia Education: Design para Sustentabilidade.

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