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Sobre Férias e o tempo do despertador



A gente não tira férias do fazer. A gente tira férias do lugar. O fazer que vem de dentro permanece, mesmo que você tire um tempo do consultório, do escritório...


Nessas férias, continuei por aqui escutando. E hoje, anfitriando a pessoa que vem à terapia e à Escola falar de dores, alegrias, descobertas, espantos... Também os encantamentos!


"Mas tem gente que vai à terapia falar de alegrias e encantamentos?"


Tem.


O tempo no consultório vem me mostrando que a pessoa que chega quer ser escutada e não curada. E a escuta é um todo! Impossível escutar alguém de verdade escutando somente tristeza:


"Aqui nesse consultório de psicologia só entra problemas, tristezas e desventuras."


Não mesmo. A abertura pra escutar uma pessoa é atenta demais pra deixar escapar a beleza que há no Ser humano.


Voltando ao tema férias. A gente tira um tempo do relógio no braço, não do tempo do corpo. Aliás, é justamente isso: voltar-se ao tempo do corpo.


A sociedade do cansaço está nos dizendo que a gente precisa encontrar algo que nos apaixone tanto a ponto de sermos capazes de fazer até de graça e o tempo todo. Vem nos dizendo que finais de semana são feitos para os prisioneiros do trabalho. E se você ama o seu trabalho, não precisa de domingos.


Uma sugestão: mesmo que seja quarta-feira, dê a si um tempo de domingo. Esse tempo solitário e silencioso. O tempo de domingo é esse que você se pergunta "e agora, o que fazer?" e decide fazer nada. Nada de tão sério ou comprometedor.


Dar-se um tempo de férias é um convite para despertar desse despertaDOR irritante que não sabemos como parar.


Estava num sonho bom e o despertaDOR toca: acorde, vá para suas obrigações.


Acalme! Só diga sim ao que você tiver VONTADE e diga não com simplicidade. Não precisa tanto justificar. Aceite a vida comum, pacata, ligeira... A ideia que te vendem sobre o sucesso é mentira.


Sucesso tem a ver com o que é possível de ser feito. É fazer aquilo que podemos fazer. Concluir aquela tarefa simples e possível. Cumprir com o plano possivelmente pequeno.


Concluir alguma coisa, qualquer coisa, dá na gente aquela satisfação que tem a ultima peça do quebra cabeça encaixada.


Saiba que a vida é um pouco mais simples que a gente tem imaginado. Está tudo bem com isso mesmo que você tem feito! Querido, possível e feito, não perfeito!


Hoje, para alguns, é dia de voltar. Mas lembre-se de ficar. Ficar atenta e forte a este despertaDOR que quer nos acordar para as obrigações.




Camila Marques é psicóloga, especialista em arteterapia e co-fundadora da Escola de Empatia. Mãe do Gustavo e investigadora de necessidades humanas. Estuda a Comunicação Não-Violenta desde 2014 e outras áreas do conhecimento como a Abordagem Centrada na Pessoa. Formada pelo Gaia Education: Design para Sustentabilidade.

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