top of page

O mais difícil é ter a atenção do outro


Veja se você se identifica com alguma destas cenas:

- Dia de almoço com a família, a conversa não agrada. Você pega o celular.

- Em sala de aula o professor apresenta a matéria. Você está cansado e navega nas redes sociais para o tempo passar mais rápido.

- Em casa, sentado no sofá. Há alguém da sua família ao seu lado. Ambos estão no celular.

Não são cenas raras nos tempos atuais.

Como a tecnologia vem mudando o comportamento das pessoas? É uma das perguntas feitas pelos cientistas da quarta revolução industrial, um movimento em prol da união entre o físico (as máquinas), o digital e o biológico (no caso, nós, seres humanos).

Estamos vivendo uma era de hiperconexão, com cada vez mais facilidade de equipamentos (notebooks, tablets, smarthphone...) e mais possibilidades de conexão (google+, facebook, instagram, pinterest, linked in, twiter, whatsApp...). Este cenário vem, sem dúvidas, transformando o comportamento em sociedade. Como funciona isto na prática?

Lembra das cenas iniciais que pedi para você imaginar? Certo. Segundo o professor Gil Giardelli, especialista em inovação, em média, uma pessoa tem 180 nano tédios por dia, que seriam os pequenos momentos de tédios comuns no nosso dia-a-dia. Uma conversa que não agrada, uma aula chata, um momento que estimula o tédio. Isto seria um processo natural se não tivéssemos em nossas mãos um smarthphone a cada momento de nano tédio. Vou explicar:

A grande maioria das vezes em que temos estes pequenos momentos de tédio, pegamos o celular e acessamos as redes sociais, site de notícias, jogos e outras possibilidades que nos tirem daquele momento. O problema são os vários momentos de transição que isto provoca em nosso organismo, produzindo uma atenção cada vez mais difusa.

Todas as vezes que você pega seu smarthphone para acessar uma rede social, ler notícia ou outra tarefa, você demora de 30 a 40 segundos para compreender essa transição. E depois, no caminho inverso, quando volta a fazer o que fazia antes, precisa do mesmo tempo de assimilação. Isto nos causa uma grande ansiedade e também uma baixíssima tolerância aos tédios comuns da vida.

Por isto, está cada vez mais difícil ter a atenção do outro. É como se tivéssemos em uma constante disputa pela atenção. De um lado você, do outro lado o smathphone da pessoa que você conversa. Quem vence?

Nesta geração de distraídos, o grande desafio é a empatia. E se existe algo que define melhor a empatia é: dar atenção ao outro.

Vamos tentar?

Camila Marques é psicóloga, especialista em Arteterapia e co-criadora da Escola de Empatia. Há 7 anos realiza treinamentos sobre habilidades de empatia e comunicação. Estuda, vivencia e compartilha a Comunicação Não-Violenta (CNV).

bottom of page