top of page

Histórias que transformam


Sou uma apaixonada por histórias! Histórias de livros, de pessoas conhecidas e desconhecidas também! Cresci lendo muitos livros e me deleitando com narrativas de diferentes culturas e formatos. Também tive o privilégio de escutar muitas histórias de pessoas que fui encontrando nesta caminhada.


No trabalho voluntário desde criança escutei de histórias de pobreza, discriminação, desigualdade... Todas essas histórias foram me marcando e constituindo. Foram abrindo portas e janelas em minha percepção e sensibilidade. E posso garantir que não sou a mesma depois de uma boa história!


Por falar nisso, lembro de uma história que li há uns anos e abriu uma janela enorme na minha percepção. Ela está no livro “A vida que ninguém vê” de Eliane Brum (que recomendo fortemente inclusive) e se passa em uma instituição de longa permanência, na qual estão uma senhora e uma parede. Sim, uma parede que ela observava durante aqueles dias vazios e solitários.


Quando li esta crônica do livro fiquei profundamente pensativa, afinal até então instituição de longa permanência era um lugar super maravilhoso para mim! E explico o motivo: ia passear desde criança no Lar Cristo Rei, uma instituição de longa permanência, e amava conversar com os idosos, escutar suas histórias, andar entre os quartos e outras coisas. Para mim era um lugar de alegria e amigos.


Ao ler a crônica pude experimentar outro ponto de vista, consegui me imaginar morando ali naquele local com suas alegrias e também com os seus vazios e tristezas. Fiz uma visita logo após a leitura e cheguei com a alegria habitual ao rever aqueles rostos tão queridos para mim. Mas algo havia mudado. Havia uma janela aberta pelo livro e por ela entrava a luz da conexão.


Sentei para prosear com uma senhora muito querida e perguntei como era para ela estar ali. Então pude escutar sobre a frustração de querer comer algo e não poder. De ter arroz cozido demais quando a vontade é ter um mais soltinho. De ter que tomar banho, acordar e fazer tudo em horários estabelecidos, sem um diazinho de folga... E assim ela foi compartilhando e eu a acolhi.


Naquele dia e nas visitas que o sucederam agreguei mais histórias às tantas que me constituem. Pude exercitar mais o meu músculo da empatia graças à uma janela aberta por uma história...


Assim como esta, várias outras histórias, vivas ou não, me transformaram, aguçaram meu olhar e ampliaram minha percepção. Busco seguir atenta e disponível para receber mais histórias e me deixar ser transformada por elas. Deixar que elas me ajudem a ampliar minha percepção e ir além das aparências e opiniões pessoais.


E por falar em histórias, nosso Festival de Empatia deste ano será justamente sobre elas! Teremos oficinas, roda de conversa e a Biblioteca Humana, super oportunidade de ler livros vivos e dialogar com eles. Venham com a gente para o Festival! Vamos aprender a ouvir, a contar, vivenciar histórias, e principalmente, a ser transformados por elas.



Cristiane Frade é pedagoga e professora dos anos iniciais do ensino fundamental. Facilitadora na Escola de Empatia. Voluntária na Sociedade São Vicente de Paulo atua no atendimento a famílias em situação de vulnerabilidade e realiza formações sobre empatia, acolhida e trabalho social. Formação em Yoga, Mandalas e Neuropedagogia e Teatro do Oprimido.

bottom of page