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Expressando a essência da nossa raiva, completamente e de todo coração.


A comunicação não violenta não busca sufocar, reprimir ou acalmar a raiva, nem a vê como uma qualidade indesejável. A raiva é vista como um sentimento que deseja expressão, reconhecimento. E que, quando expresso superficialmente, saem em ações como matar, bater, ferir ou culpar os outros mental ou fisicamente.


Precisamos expressar nossa raiva na sua essência. Como fazer?


Dissociar o que os outros dizem ou fazem da responsabilidade da nossa raiva


Nenhum comportamento ou movimento das outras pessoas pode ser responsável pelo que sinto. Portanto, não pode ser causa da minha raiva. É importante me livrar do pensamento: “fulano me deixou com raiva porque fez aquilo”. Culpar o outro é uma expressão superficial da minha raiva.

Diferenciar estímulo e causa

O comportamento do outro pode ser estímulo, mas nunca a causa da minha raiva. Então, precisamos diferenciar estímulo de causa. Uma pergunta para investigarmos a causa da nossa raiva é: “quando isso aconteceu, você ficou com raiva por causa do quê?”

Quando igualamos estímulo e causa, convencemo-nos a pensar que o comportamento do outro nos causa raiva. Esse hábito de pensar assim vem da nossa cultura de usar a culpa para manipular as pessoas. “Quando a culpa é uma tática de manipulação e coerção, é útil confundir estímulo e causa” (Marshall Rosenberg) Como na frase: “mamãe e papai ficam tristes quando você não faz a lição de casa”, onde a linguagem induz a culpa. Dessa forma, iludimo-nos a crer que nossos sentimentos são causados pelos comportamentos das pessoas.

O que causa a raiva?

A raiva vem exatamente do nosso pensamento, das nossas ideias de culpa e julgamento. Quando escolhemos receber uma mensagem difícil ou um comportamento do qual não gostamos, julgando alguém como culpado ou errado. Ao invés de olhar para o que precisamos.

Todos os sentimentos são causados pelas necessidades. A raiva é resultado de uma desconexão com minhas necessidades. Ela vem de pensamentos alienantes da vida que, focados em julgar ou culpar alguém, impedem-nos de compreender nossas necessidades não atendidas.

Quando julgamos as pessoas, contribuímos para a violência, e a CNV propõe que mantenhamos o foco nas necessidades. Posso olhar para as minhas necessidades e sentimentos e posso escolher olhar para as necessidades e sentimentos do outro, assim buscando uma compreensão melhor do que está vivo nele.

Toda raiva tem uma essência que serve a vida

Toda raiva, na sua essência, expressa uma necessidade que não foi atendida. Se olharmos dessa maneira, a raiva é uma ferramenta valiosa para nos despertar para essa necessidade, buscando ter plena consciência do que preciso.

A raiva nos tira a energia de atender nossas necessidades direcionando para punir os outros.

Em vez de indignarmos com nossa raiva, podemos oferecer empatia para nós mesmos e para os outros quando a raiva estiver presente, focando nossa consciência em conhecer as necessidades não atendidas e buscando direcionar a energia para atendê-las.

Não é o que as pessoas fazem, mas as imagem e interpretações que estão na minha cabeça que geram a raiva. Ela vem de rótulos, acusações e julgamentos do que as pessoas deveriam fazer e do que merecem.

4 passos para apoiar a expressar a nossa raiva:

[if !supportLists]1. [endif]Parar e respirar. Entrar em contato conosco.

[if !supportLists]2. [endif]Identificar os pensamentos que estão julgando as pessoas, como, por exemplo: “ela não poderia agir daquela forma. Está sendo injusta!”

[if !supportLists]3. [endif]Conectar a nossa necessidade por trás desses pensamentos. “Esse comportamento me deixou com raiva porque preciso de quê?

[if !supportLists]4. [endif]Expressamos a raiva plenamente. Ou seja, expressamos os nossos sentimentos e necessidades não atendidas relacionados com essa raiva.

Referências

ROSENBERG, M. Comunicação Não-violenta: Técnicas para aprimorar relacionamentos pessoais e profissionais. São Paulo: Ágora, 2006.

Bruna Perillo

Psicóloga clínica, especializada em Gestalt-Terapia, apaixonada pelo desenvolver humano. Desenvolvendo-se. Interessada e envolvida com a promoção da habilidade de Empatia e Comunicação não-violenta . Buscando um mundo mais sustentável e coerente com as necessidades humanas. No caminho, persistindo, procurando, encontrando e co-construindo.

Co- criadora da Escola de Empatia, um projeto que visa multiplicar a empatia nos âmbitos emocionais, sociais e ambientais.

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