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Aquele abraço: reflexões sobre saúde mental

Gosto muito de ouvir que as pessoas não estão bem. Calma! Não é isso que você está pensando; se você leu o meu último texto sabe que eu disse que sempre dou as boas-vindas à tristeza. Não é porque eu goste que ela exista; ela, simplesmente, existe. Mas é pelo fato de que é bom que haja pessoas que consigam se checar para saber e olhar para isso. Admitir que não se está bem significa que você olha para o seu mundo interno e, confesso, entendo que isso já seja terapêutico. O segundo passo dessa autoconfissão pode ser um pedido de ajuda ou um ato de autocuidado, de auto acolhimento. E isso também é curativo!


A princípio, esse texto seria uma reflexão sobre o janeiro branco, sobre saúde mental. Pois bem, já estou atrasada, aliás, acho que esse ano entrou com tantos atrasos na minha vida... Da viagem não feita, do amor não entendido, dos pactos e metas não cumpridos. Bom, mas vamos voltar para o assunto do janeiro branco.


Segundo o site janeirobranco.com.br, o janeiro branco nasce de uma campanha idealizada pelo psicólogo mineiro (que orgulho dessa minha Minas Gerais) Leonardo Abrahão. A campanha ganhou vida em janeiro de 2014, “quando psicólogos(as) de Uberlândia (MG) foram às ruas, às instituições e às mídias da cidade para falarem às pessoas sobre “Saúde Mental”, “Saúde Emocional”, “sentido de vida”, “qualidade de vida” e “harmonia nas relações humanas”.” Parece que o mês de janeiro foi escolhido porque é neste mês que as pessoas estão mais focadas em resoluções e metas para o ano.


Um dos objetivos da campanha é “Inspirar indivíduos e instituições sociais a entenderem que “qualquer pessoa pode ser agente de Saúde Mental na vida de qualquer pessoa”. Acho que esse é o movimento da gente, que está na Escola de Empatia, tentando, e muitas vezes, conseguindo fazer esse movimento de ser agente de saúde mental na vida das pessoas que passam na Escola. Será que estamos conseguindo? Quero te ouvir...


Mas, enquanto você não interage comigo, vou falando um pouco mais por aqui.


Ser agente não é tão fácil assim. Afinal de contas, esperamos por pedidos. Pedidos de ajuda. E ajuda é um conceito tão complexo...


A tal da ajuda já significou esmola nos tempos medievais, um movimento de superioridade cultural e espiritual, uma obrigação do Estado, assistência, poder e que caminhou para a autoajuda e participação, no mundo moderno. Enfim, para ser ajudado, sinta-se desconfortado.


E isso não é bem visto. Lembro que, uma vez, ao perguntar a uma pessoa se ela estava bem, ela disse que não; fiquei desconcertada, mas explorei esse sentimento e isso, acredito, nos tornou mais próximos. De outra vez, ao dizer que não estava bem a uma pessoa na rua, ela se afastou de mim por um tempo, achando que não deveria conversar comigo. Vai entender esses comportamentos neurotípicos...


Já dizia o Sam, na série Atypical, que “só os neurotípicos colocam uma camada adicional de significado sobre o que já existe. Para fazer sentido para eles.”


Com as devidas vênias e o considerável respeito que tenho a todos os demais seres humanos, o meu abraço, agora em fevereiro (digamos que a minha cabeça ainda esteja em janeiro), vai para você, que tem passado por períodos de ansiedade. Meu abraço vai para você que tem passado por períodos de depressão. Meu abraço vai para você que tem sofrido por esgotamento físico e mental! Eu sou porque tu és. Sou um pedacinho de você e estou aqui por você! Quer ajuda?


PS: escrevo parte desse texto em um dia em que não estou bem, e tudo bem não estar bem.

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