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A CNV sob as lentes da justiça restaurativa


Estamos quase findando 2021 e uma de minhas metas para esse ano foi me aproximar da Justiça Restaurativa. Fiz dois cursos longos, facilitei um círculo de construção de paz, li um livro, assisti a muitas lives. É; posso dizer que fui feliz na minha intenção.


Foram muitos, os ensinamentos, e escrevo esse texto para compartilhar meu caminho e alguns desses aprendizados, em especial os que tive com o Moinho de Paz, que tanto me inspirou a continuar minha tessitura de construção de um mundo melhor. Tentarei fazer uma conexão com a Comunicação Não Violenta ao apresentá-los.


Pois bem, aprendi que os pontos iniciais de ancoragem da Justiça Restaurativa são a ancestralidade, a comunidade, os Direitos Humanos e a sustentabilidade; todos esses, pilares de uma abordagem sistêmica da Comunicação Não Violenta.


Também aprendi que a nomeação dos fenômenos demora mais que a sua própria ocorrência; assim foi com a Justiça Restaurativa que ainda se apresenta como uma “prática em busca de uma teoria”, assim também é a essência da Comunicação Não Violenta, que existe em nossa capacidade cotidiana de existir, latente em nosso cérebro e coração, antes mesmo de ter sido sistematizada por Marshall Rosenberg.


Aprendi que a transformação é a maior perspectiva da Justiça Restaurativa e que o sal com que eu tempero a minha construção do outro pode dar sabor ou estragar a minha relação com ele. Esse sal, na Comunicação Não Violenta, pode vir acompanhado dos temperos da empatia, compaixão e escuta.

Aprendi que a temperatura da palavra calibra a minha conexão com o outro nos círculos de construção de paz e na prática da Comunicação Não Violenta.


Aprendi que as palavras não dão conta do sentir, mas são um importante caminho para visibilizá-lo. As palavras dão forma e o que ganha forma, se transforma, sempre.


Aprendi que, mais importante que estudar a violência, é estudar a beleza das coisas! E quanta beleza há nas provocações dos olhares benditos da Comunicação Não Violenta!


Aprendi que temos que existir para além de nós, como movimento sistêmico! Velamos pela alegria e pela conexão do mundo; esse é um forte propósito, para mim, da CNV. Podemos estar no lugar da violência, mas transcender a ela.


Aprendi que conhecer-me é conhecer o outro! E que quanto mais eu me conheço, mais estou aberto a conhecer o outro. Há mais espaço para o outro!


Foi inspirada nos ensinamentos da Justiça Restaurativa que criei minha própria definição de Comunicação Não Violenta: Comunicação Não Violenta, para mim, é criar permissão (ou mais espaço) ao outro dentro da gente. É como um balanço dentro do coração! Ora mais longe, ora mais perto, mas, sempre, dentro!


E se um dia me perguntarem qual é a conexão entre Justiça Restaurativa e a Comunicação Não Violenta, direi: ambas são experiências do sentir cuja essência é o narrar de si e ao outro. Essas filosofias e abordagens de vida nos convidam a vestirmos a nossa humanidade. São “formas de vestir de futuro, o nosso tempo”, como diria a querida Bel, uma de minhas professoras de Justiça Restaurativa.


Por: Corinne Lopes, mediadora de conflitos e sócia da Escola de Empatia

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