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Tem que morrer pra germinar

“se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas, se morrer, produz muito fruto”

(Jesus de Nazaré)


A lei da colheita nos ensina que para semente germinar e dar frutos ela precisa morrer, deixar de ser semente. Na semente está todo o potencial de vida da árvore, porém, esse potencial só se realiza no processo morte/vida que exige a germinação da semente: Morre semente, nasce broto, morre broto, nasce uma jovem planta que morre para se tornar árvore, gerar flores e frutos e produzir novas sementes. As sementes que não morrem para germinar são consideradas em estado de dormência. Claro que aponto aqui a morte metafórica. E lembrando que é preciso um ambiente potencializador (sol, boa terra, água, oxigênio) para essa semente encontrar as condições necessárias e desenvolver seu estado de latência para se tornar planta.


Mas pensar na semente e seu processo de germinação, me trouxe a reflexão comparativa com a vida humana e seu também processo de germinação. Nascemos ovo, que morre para nascer o feto que morre para nascer a criança, que morre para ser adulto e etc... Germinar muitas vezes é um processo doloroso e desafiador. Nos exige sair do estado de dormência e encontrar nosso potencial de desenvolvimento, que pede a morte de algo para que outro germine! Exige auto percepção, auto acolhimento, presença e movimento. Uma dança para desenvolver as condições necessárias para florescer! Como nos aponta a canção de Almir Sater: “Cada ser em si/ Carrega o dom de ser capaz /E ser feliz” ´É uma busca dentro de si, para deixar morrer o estado de dormência e nascer a potência!


Neste ano, diferente, desafiador, vi em mim e em muitos ao meu redor, muitas sementes germinarem a partir de muitas mortes. E não só as físicas, mas dessas que venho apontando, as metafóricas. Morte do cotidiano escolar para muitos pais e mães aprenderem a lidar com o cotidiano educacional dos filhos, morte do cotidiano corporativo, para aprendermos a trabalhar de casa, morte da liberdade de sair a qualquer hora na rua, para aprendermos a nos cuidar e proteger, mortes que nos trouxeram novas formas de lidar com o tempo, com a comida, com a higiene da casa, com a família e amigos e com as conexões em todas as suas formas.


Nascemos para a conexão online de qualidade. Abraços cibernéticos aconteceram em muitos encontros pelas plataformas virtuais, com a força e acolhimento de uma presença física. Morremos e germinamos.

E nasce daqui uns dias, no calendário, mais um ano! Esse momento nos estimula ao rito do que deixar ir para viver com mais potência, mais congruência, mais realizações e mais felicidade.

Seja a forma como você costuma ritualizar sua passagem de ano, cuide de ter um tempo de reflexão para fazer essas escolhas, quais sementes você quer cuidar para que germine em 2021? O que você pode fazer para que elas saiam do estado de dormência e encontrem seu potencial de germinação?




Fecho aqui com as palavras de Drummond te desejando um verdadeiro novo ano!

“Para ganhar um Ano Novo que mereça este nome, você, meu caro, tem de merecê-lo, tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil, mas tente, experimente, consciente. É dentro de você que o Ano Novo cochila e espera desde sempre.”


Psicóloga clínica, especializada em Gestalt-Terapia, apaixonada pelo desenvolver humano. Desenvolvendo-se. Interessada e envolvida com a promoção da habilidade de Empatia e Comunicação Não violenta. Buscando um mundo mais sustentável e coerente com as necessidades humanas. No caminho, persistindo, procurando, encontrando e co- construindo. Co- criadora da Escola de Empatia, um projeto que visa multiplicar a empatia nos âmbitos emocionais, sociais e ambientais.

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