Páginas 112
Autor Jean-Marie Muller
O livro faz parte das iniciativas promovidas para a Década Internacional para uma Cultura de Paz e Não Violência para as Crianças no Mundo (2001-2010) e foi originalmente publicado pela Unesco. Nele Jean-Marie Muller, filósofo francês autor de mais de trinta livros, fundador e diretor do Instituto de Pesquisas sobre a Resolução Não Violenta de Conflitos, sugere uma abordagem muito prática de como resolver os confrontos violentos nas escolas.
Diz ele que a cultura da violência já está instalada em nossas sociedades e é diariamente reforçada por todos os meios de comunicação. Quando uma criança toma o brinquedo de outra, nossa sociedade vê como perfeitamente natural que a segunda avance e o arranque de volta. Ou tome outro brinquedo em retaliação, ou ainda que bata no colega. No entanto, como bem aponta o autor, a contraviolência gera apenas mais violência: a primeira criança vai sentir-se agredida e também irá revidar, levando a uma possível escalada de violências que não beneficia nenhum dos participantes e pode até causar a destruição do brinquedo originalmente disputado. Já a não violência é vista como algo utópico, contrário até à natureza humana agressiva e competitiva.
No curto volume carregado de conceitos diretos e aplicáveis, o professor Muller define violência não como agressividade, esta sim natural da nossa espécie, mas como a ameaça à vida ou à integridade do outro. A violência é um desrespeito básico pelo humano no outro, que o torna uma coisa a ser usada ou explorada ou destruída.
A não violência, ele também insiste em dizer, não é fácil nem brota espontaneamente, mas é sempre uma escolha possível para quem é humano. Ela consiste não em evitar conflitos, também inevitáveis quando há convivência entre quaisquer pessoas com interesses diferentes, mas em resolver esses conflitos de uma forma pacífica. Através do diálogo, do recurso à justiça, da mediação. A não violência pressupõe que todos os outros são tão humanos quanto nós e que portanto as únicas medidas aceitáveis são aquelas que nós consideraríamos justas se também fossem aplicadas em nós.
O garoto que teve seu brinquedo arrancado de suas mãos (e achou isso injusto) precisaria assim não fazer a mesma coisa (outra injustiça) mas conversar com o colega, negociar a troca de brinquedos ou talvez recorrer a uma instância de justiça (um professor-mediador). Diz o professor Muller – e concordam os professores das escolas do projeto Educadores da Paz do Espaço Interação, uma instituição voltada para a não violência na escola – que mesmo crianças muito pequenas conseguem compreender a lógica de “não faça ao outro o que não quer que o outro faça a você”. E que adolescentes também são capazes de entender e adotar um sistema de convivência norteado dessa maneira – se perceberem que a regra vale para todos, inclusive professores e administradores.
As sugestões do autor incluem ideias contrárias à corrente comum, como por exemplo o repúdio à democracia quando esta for uma fachada apoiada numa ditadura da maioria e não resultado de uma discussão em foro público. E que a escola não é uma democracia, mas uma sociedade em que há uma autoridade estabelecida, que precisa ser exibida como exemplo e jamais imposta.
top of page
R$41.00Price
bottom of page